As crises política e econômica só se agravam no governo Temer


Paulo Fiorilo

© Adriano Machado / Reuters
queda de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no terceiro trimestre de 2016 ante os três meses anteriores é mais uma prova de que o governo de Michel Temer não trouxe estabilidade para o País. Muito pelo contrário: o resultado divulgado na quarta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra o crescimento da recessão no Brasil - o que não é uma surpresa.

Desde o resultado das eleições de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff (PT)foi reeleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos, a tentativa é de desmoralizar os governos do Partido dos Trabalhadores e realizar o golpe parlamentar, que se consumou em agosto deste ano. Esses foram, inclusive, os principais fatores que acarretaram na crise política e, consequentemente, no agravamento da crise econômica do País.
As promessas dos algozes de Dilma sempre foram de estabilidade e retomada da confiança, dos investimentos e do crescimento do Brasil. No entanto, um dos setores que puxou o PIB brasileiro para baixo é justamente o de investimentos. Ao invés de crescer, o setor apenas diminuiu ao longo desses seis meses de governo Temer.

A Formação Bruta de Capital Fixo, um dos indicadores de investimentos que compõem o PIB, recuou 3,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com os três meses anteriores.

Se levarmos em conta a taxa de investimento, em relação ao PIB, a situação fica ainda mais clara. No terceiro trimestre de 2016, a participação desse setor no PIB foi de 16,5%, ao passo que, no mesmo período do ano passado, houve registro de 18,2%. Portanto, estamos diante de uma queda de 1,7%. De acordo com o IBGE, o resultado deste ano é o menor desde 2003, quando a participação da taxa de investimento foi de 16,3%.

Além da confirmação de recessão diante dos resultados econômicos, é importante lembrar que o governo Temer segue de pernas bambas também por conta dos cortes em programas sociais, da Proposta de Emenda à Constituição 55 (antiga PEC 241, que prevê o congelamento de gastos públicos para os próximos 20 anos) e dos inúmeros escândalos envolvendo seus ministros - sete deles já foram afastados.
Entre os casos, podemos destacar a gravação do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB), homem de confiança de Temer. Em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, divulgado em maio deste ano, Jucá ressalta que "Michel é Eduardo Cunha" e que a queda da presidenta Dilma era importante para "estancar a sangria" e barrar investigações da Lava Jato.

Agora, com o recente caso do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, o governo Temer passa por mais um pico de crise. Calero afirma ter sido pressionado pelo presidente e pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) para liberar as obras de um empreendimento em Salvador, na Bahia. Isso porque Geddel tem interesses pessoais no edifício. O caso está sendo investigado, mas é preciso atenção para que se tenha continuidade e não seja esquecido.

O que já alertávamos durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff está se concretizando. O golpe trata-se, desde o início, de um jogo de interesses, que resultou em um governo completamente instável. Michel Temer jamais terá condições de implementar medidas concretas para o crescimento do País.

É possível que, em pouco tempo, a grande maioria dos brasileiros e brasileiras que apoiaram o golpe comece a perceber o erro cometido. Incentivar um governo de total incerteza está longe de ter sido uma boa decisão.

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