Serra defende que Aécio continue no controle do PSDB

Apu Gomes/Folhapress
Aécio (centro) conversa com Serra (à dir.) e Alckmin durante a campanha eleitoral de 2014
Aécio (centro) conversa com Serra (à dir.) e Alckmin durante a campanha eleitoral de 2014

O ministro José Serra (Relação Exteriores) defendeu em entrevista à Folha que o senador Aécio Neves (MG) seja presidente do PSDB por mais um mandato.
A jogada causa um reequilíbrio de forças internas e coloca obstáculos na corrida do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para se tornar o candidato a presidente da sigla em 2018.
"Cheguei à conclusão de que, em relação à executiva nacional, a melhor hipótese é a de prorrogar o mandato do Aécio, porque ele tem sido um bom presidente, e o PSDB teve o melhor resultado de sua história nas eleições municipais", disse Serra.
A renovação da direção tucana ocorre em maio.
"Por outro lado, continuo reafirmando que não é bom antecipar disputas [internas] com relação a 2018. A nossa tarefa principal é manter a unidade e contribuir para que o governo Temer dê certo."
Apesar de o regimento do partido vetar duas reconduções seguidas, Serra argumenta que Sérgio Guerra, morto em 2014, abriu precedente ao ter permanecido no controle entre 2007 e 2013.
O ministro e Aécio, que figuram ambos como possíveis candidatos a presidente em 2018 e por anos foram adversários, aproximaram-se recentemente, em um contraponto a Alckmin.
Serra negou que o comando do PSDB tenha efeito direto na disputa presidencial. "Trazer 2018 para valores atuais é muito complexo. Não sabemos onde vamos estar", disse o chanceler.
Segundo uma pessoa envolvida nas conversas, não está definido um arranjo sobre qual deles disputaria o Planalto, em troca de apoio, por exemplo, a uma candidatura a governador.
Alckmin, por sua vez, acumulou vitórias nas eleições municipais deste ano, em especial com a vitória de seu pupilo João Doria (PSDB) na Prefeitura de São Paulo.
O resultado empolgou seus aliados. Doria chegou a lançá-lo candidato a presidente no dia em que se elegeu.
O governador, que passou a adotar atitude confiante inédita, de acordo com aliados, defendeu prévias no partido, embora ciente de que a estratégia só seria vantajosa se tivesse controle sobre a legenda. Por isso, tanto Alckmin quanto Aécio começaram uma disputa tácita para emplacar um aliado na presidência do PSDB.
Nesta segunda-feira (5), os dois se encontraram na presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Tasso Jereissati (CE), mas a conversa não teria sido conclusiva. Segundo um tucano ligado a FHC, a atitude de Alckmin, "pouco transparente" no início da disputa das prévias paulistanas, deixou "impressões".
Aliados de Alckmin já vinham monitorando a aproximação entre Serra e Aécio.
Um interlocutor do governador admite que sua desenvoltura em Brasília precisa ser aprimorada, tanto no quesito "charme" para lidar com os políticos na capital, quanto no tamanho da bancada paulista do PSDB na Câmara.
Em compensação, esse interlocutor espera que eventual envolvimento de Alckmin na Lava Jato seja menos ruidoso que o de adversários.

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