Grupo de Flávio Dino vira colcha de retalhos na disputa pelo Senado

Mais da metade dos pretensos candidatos a senador pelo Maranhão querem entrar na briga com apoio do Palácio dos Leões; na oposição, novidade é o nome de Sarney Filho

GILBERTO LÉDA, O Estado Ma
Governistas na briga por vaga no Senado (Foto: Fotomontagem/O Estado)

O início de 2017 marcou a intensificação das articulações de lideranças políticas do Maranhão pela disputa por uma vaga no Senado Federal.

Em 2018 serão eleitos dois nomes que ocuparão as cadeiras maranhenses na Casa por conta do fim dos mandatos dos senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB. Eles foram eleitos em 2010.


Os movimentos mais intensos são notados na base de apoio ao governador Flávio Dino (PCdoB), que virou uma verdadeira colcha de retalhos de pré-candidatos. Confiantes no poder do Palácio dos Leões, quase uma dezena de governistas já demonstraram interesse de entrar na disputa.


Nesta semana, dois membros da base dinista confirmaram pré-candidaturas: os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSB) e Waldir Maranhão (PP).


O socialista aproveitou a eleição da Famem, quando seu aliado Tema Cunha (PSB), prefeito de Tuntum foi escolhido presidente, para reforçar sua presença no cenário. A quem o procurou para tratar do assunto, confirmou: estará na briga por uma das vafgas.


Waldir Maranhão, por outro lado, manifestou-se em entrevista ao Estadão. “A minha disposição é essa: disputar o Senado. Vou tentar mostrar que sou viável na base”, disse.


Segundo o jornal, a vaga de candidato foi prometida pelo governador Flávio Dino, em troca do voto do parlamentar contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) – até dias antes da votação na Câmara, Waldir era a favor do impedimento da petista, mas acabou mudando de opinião após conversa com o comunista e com o ex-presidente Lula (PT).


Mais nomes

Há duas semanas, o deputado federal Weverton Rocha (PDT) também já havia confirmado a intenção de disputar a eleição para senador. Em entrevista a O Estado ele afirmou que que está mesmo trabalhando por uma candidatura.

Depois de reunir-se com pelo menos 20 lideranças políticas que apoiam seu projeto, em Santa Inês, no mês passado, o pedetista agora articula um segundo encontro, em Codó.


“Nós temos hoje um grupo de políticos, de lideranças da sociedade civil, que estão criando esse entendimento de que nós precisamos nos preparar para disputar uma vaga no Senado Federal. O nosso trabalho é se manter preparado e à disposição desse grupo”, revelou o parlamentar.


Entre os aliados, Weverton conta com o apoio de líderes do PDT, PSB, PSDB e DEM. Segundo ele, é esse “grupo político” que tem defendido a necessidade de lançamento de uma candidatura de senador nas próximas eleições.


Mas enfrenta, ainda, alguma resistência dentro do próprio partido, uma vez que o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT) também pensa em entrar na briga – apesar de problemas de saúde terem minado suas articulações em 2016.


Figuram ainda na lista de pré-candidatos ligados ao governo, o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) e a deputada federal Eliziane Gama (PPS).

MAIS
O ex-deputado federal Gastão Vieira (Pros) também trabalha por uma candidatura. Apesar da proximidade com o governador Flávio Dino (PCdoB) durante sua passagem pelo comando do FNDE – o que acabou contribuindo para sua queda do posto no governo federal -, ele deve lançar uma candidatura independente, nem atrelada ao Palácio dos Leões, nem ligada ao grupo Sarney, de onde é oriundo.


Roberto Rocha: do Senado para o Palácio?
Enquanto dezenas de políticos brigam por duas vagas no Senado, o único senador maranhense que tem o mandato garantido seja qual for o resultado em 2016 pensa em deixar a cadeira que ocupa.


Roberto Rocha (PSB) elegeu-se senador em 2014 e, como o mandato é de oito anos, ele é o titular do cargo até 2022. Mas quer sair.


Está nos planos do socialista uma candidatura a governador do Maranhão em 2018, num movimento que é visto pela classe política estadual como o fechamento de um ciclo de rompimento do senador com o grupo comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB).


Os dois elegeram-se juntos há pouco mais de dois anos, numa dobradinha que garantiu ao comunista as bases partidárias para uma ampla coligação e ao socialista os votos necessários a sua eleição.


Apesar da sintonia eleitoral, a relação entre os dois deteriorou-se ao longo dos anos e Rocha já não esconde de ninguém o desejo de derrotar Dino na eleição para o Governo do Estado em 2018.

QUADRO
Os “candidatos” do governo

Weverton Rocha (PDT)
Humberto Coutinho (PDT)
Zé Reinaldo (PSB)
Waldir Maranhão (PP)
Sebastião Madeira (PSDB)
Eliziane Gama (PPS)

Os “candidatos” da oposição
Edison Lobão ou Edinho Lobão (PMDB)
João Alberto (PMDB)
Sarney Filho (PV)
Independente
Gastão Vieira (Pros)

Sarney Filho desponta como novo nome na oposição
Enquanto há uma profusão de pré-candidatos ligados ao Governo do Estado, na oposição a situação parece já equacionada.


Os senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB, não têm demonstrado interesse em enfrentar uma nova eleição, embora não descartem a possibilidade.


“Minha intenção é de não disputar. Por mim, não disputaria. Mas sou um homem de grupo e se o partido entender que é necessária minha candidatura, serei candidato”, declarou a O Estado o senador João Alberto.


Suplente no Senado, Edison Lobão Filho (PMDB) dá conta de um acerto na família. Se o pai não for candidato, ele mesmo será. “Ou ele, ou eu”, confirmou.
A novidade entre os possíveis candidatos da oposição no Maranhão é o ministro do Meio Ambiente, deputado federal Sarney Filho (PV).


Antes mesmo da confirmação de Michel Temer como novo presidente da República – e da sua posse como novo ministro -, o parlamentar do PV já articulava nas suas bases a possibilidade de uma candidatura.


Após a mudança de governo, uma candidatura tornou-se mais viável. Em junho, já como ministro do governo Temer, Sarney Filho disse, em entrevista a O Estado, que se sentia “seduzido” pela ideia de ser candidato a senador em 2018. E explicou os motivos.


“Eu sou um político que tem uma vida parlamentar muito longa e muito intensa. Eu me considero um político do legislativo verdadeiro que tem o objetivo de ajudar as pessoas. E dentro dessa perspectiva, me seduz sim ser candidato a senador. Se eu tiver as condições necessárias, eu vou me candidatar ao Senado. E isso não é por eu ter me tornado ministro. Já estava pensando nisso. Para quem foi uma vez estadual e nove vezes deputado federal, já foi duas vezes ministro, agora tem que partir para um novo desafio”, afirmou.

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